sábado, 5 de fevereiro de 2011

Quais são os maiores erros na criação dos filhos?

Quais são os maiores erros na criação dos filhos?


Quais são os maiores erros na criação dos filhos?
Há muitos erros na criação dos filhos, mas eu falarei apenas sobre o mais importante. Primeiro: a ideia de que seus filhos pertencem a você.

Eles vêm ao mundo por meio de você; você foi um canal de passagem, mas eles não pertencem a você. Eles não são suas posses. Com essa ideia de possessividade, muitos erros aparecem.

Quando começa a achar que eles pertencem a você, acaba reduzindo-os a objetos, porque somente os objetos podem ser possuídos, não seres humanos. É o ato mais feio que você pode cometer.

E seus filhos são tão impotentes, tão dependentes, que não podem se rebelar. Eles aceitam toda as suas decisões.

E para proteger suas posses, você os torna cristãos assim que eles nascem. Você os torna hindus, muçulmanos, budistas, judeus — não consegue esperar! E não consegue enxergar o absurdo nisso tudo?

Na política, uma pessoa é considerada adulta e pronta para votar aos dezoito anos. A religião é menos importante do que a política?

Mas, antes mesmo que a criança aprenda a falar, ela sofre a circuncisão; fica sabendo que é um judeu. É batizada, sem seu consentimento — pelo simples fato de que você não precisa pedir o consentimento de um móvel, onde colocá-lo, se deve mantê-lo ou jogá-lo fora.

Você age com seus filhos da mesma maneira, como se eles fossem objetos.

Se os pais estiverem atentos, conscientes, esperarão que o filho cresça para que ele possa escolher. Se ele tiver a vontade de se tornar um cristão, ele é livre para isso. Se quiser se tornar um budista, é livre para isso. Mas deveria escolher apenas quando decidir.

Eu acredito que, se dezoito anos é a idade mínima para a política, para a religião quarenta e dois anos deveria ser a idade mínima para as pessoas decidirem. E, na verdade, é nessa época que a religião se torna importante. Você viveu sua vida; viu todas as etapas da vida — quarenta e dois anos de idade é um momento muito decisivo.

É quando tem de decidir se continuará a mesma rotina de vida, ou se dará a ela uma nova dimensão. E essa nova dimensão é a religião.

Se a pessoa decidir ser religiosa — simplesmente religiosa, sem pertencer a qualquer organização, sem pertencer a qualquer igreja — perfeito. Ela escolheu a liberdade.

Mas é um problema pessoal, íntimo, ninguém pode interferir.

Mas os pais começam a interferir desde o começo. Por que a pressa? A pressa só serve para que, mais tarde,a criança reclame, pergunte por que ela é uma judia — porque ela não nasceu judia; nenhuma criança nasce judia, cristã ou hindu.

Todas as crianças nascem como uma folha em branco, um quadro vazio. Nada está escrito nelas... inocência pura.

A primeira coisa a ser lembrada é: não reduza a criança a um objeto, não se esforce para isso.

Dê individualidade a ela, não imponha uma personalidade a ela. A individualidade, ela traz consigo; a personalidade é imposta pelos pais, pela sociedade, pelo sistema educacional, pela igreja. Se você entender, não vai impor nada a seu filho, vai ajudar seu filho a ser ele mesmo.

Certamente isso é difícil. É por isso que todas as sociedades, de todas as épocas, escolheram o caminho simples: é mais simples impor alguma coisa à criança. Então ela se torna obediente, não se torna rebelde. Não causa a você problema algum, não se torna uma irritação.

Mas se você der a ela total liberdade e ajudá-la a ser livre e individual, ela poderá lhe trazer uma série de problemas. As pessoas decidiram destruir a criança em vez de aceitar os problemas.

Se você tem tanto medo de problemas, é melhor não ter um filho. Mas dar vida a uma criança e depois destruí-la só para não ter problemas é muito desumano.

As crianças são a classe de pessoas mais escravizadas da sociedade humana, as mais exploradas — e exploradas "para seu próprio bem".

Osho, em "Educando a Criança de Hoje"
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 Irene Ibelli

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