segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

LEI DA DESTRUIÇÃO

 
 
A lei de destruição   
Artigos Revistas
A Lei da Destruição, a primeira que se segue à Lei da Conservação, mostra-nos como tudo é necessário e se encadeia diante das leis planetárias que organizam a natureza. Construir e destruir fazem parte do progresso, desde que tudo seja realizado com critério.
Nos exemplos do cotidiano, vemos isso constantemente. Onde está uma casa num amplo terreno, nasce um edifício que abriga dez, quinze, vinte vezes mais famílias do que a residência unifamiliar. É o progresso adaptando-se ao desenvolvimento social porque mais pessoas reencarnam e têm tarefas a realizar no planeta.
O mesmo se dá no âmbito comandado pelos espíritos, quando determinam aos encarregados dos fenômenos da natureza que ajam sob seu comando. Portanto, vulcões, terremotos, maremotos, tsunamis, não são eventos desordenados, mas acontecimentos planejados com vista aos resgates coletivos, umas vezes, ou às imposições de progresso dos mundos, noutras vezes.
Quando Jesus acalmou a tempestade no Mar da Galileia, dava-nos uma amostragem do relacionamento entre os Espíritos Superiores e os operários da espiritualidade. Uns ordenam, outros obedecem. Os ventos, as chuvas e demais fenômenos climáticos são todos planejados e comandados pelos Espíritos. Nada acontece de maneira fortuita.
Observemos que nos diferentes reinos da natureza há uma perfeita integração. A orquídea sustenta-se no tronco da grande árvore, enquanto tira do ar o seu sustento. A erva chamada daninha tem muitas vezes propriedades farmacológicas, conhecidas ou não. Além disso, nascida no pé da árvore, cria sombra para a raiz desta para que o sol não a maltrate. Há um intercâmbio perfeito. A sua destruição deve obedecer a critérios definidos.
Entre os animais, há os predadores de cada espécie. A falta de um gera desequilíbrio no outro, aumentando a sua atuação ou tornando-os violentos, na busca do sustento. Se a cobra se alimenta de ratos, exterminá-los sem critério representa aumentar a população de serpentes famintas que terminarão por invadir as residências. O mesmo se dá em outros casos. Quando há baratas nas casas, por falta de higiene, são atraídos os escorpiões que delas se alimentam. A aranha come moscas, os pássaros comem insetos etc. Estudos informam que cada pássaro consome mais de cem insetos por dia. Se não fossem eles, teríamos ainda mais pernilongos, mosquitos e todo tipo de animais miúdos que eles consomem e, consequentemente, mais doenças.
A destruição obedece a critérios. Diz o povo que depois da tempestade vem a bonança, porque a chuva e o vento limpam as ruas e as matas, levando as pragas, removendo folhas secas e galhos mortos, para renovar a plantas. Uma poda natural.
O alimento é destruído na boca para chegar ao estômago e posteriormente transformar-se no sangue da vida; o trigo precisa ser triturado pelo inclemente moinho para se transformar no pão; a semente tem de morrer enterrada para gerar novas plantas. São destruições sábias e naturais. Por isso os orientais dizem que qualquer tolo saberá quantas sementes há numa fruta, mas só Deus conhece quantas frutas existem numa semente.
Neste mês de finados, época em que cultuamos os nossos mortos, vemos que esta lei também se aplica. Há a destruição dos corpos físicos para que os espíritos, diante do desencarne, reflitam e preparem-se para novas vidas na matéria. Os equívocos de uma reencarnação precisam ser reparados na seguinte.
O que não podemos aceitar é a destruição indiscriminada nascida da ganância dos homens. O desmatamento que prejudica o equilíbrio da natureza, a poluição dos rios pelo despejo de dejetos químicos e assemelhados, porque é tudo feito sem critério e causa danos. A matança de animais, muitas vezes como lazer, sem nenhuma utilidade. A maldade do tiro ao pombo, da tourada, da farra do boi, e que tais, não podem ter o nosso aval.
O que nós devemos mesmo destruir, e com critério, são os nossos vícios e defeitos. Temos de compreender que a destruição de uma falha se dá pela incorporação de uma virtude. Ninguém pode ser ao mesmo tempo humilde e orgulhoso, avarento e desprendido, ou ter quaisquer desses sentimentos opostos ao mesmo tempo. Ou se é manso ou se é violento; ou se é calmo ou se é impaciente.
Diz O Livro dos Espíritos que é preciso discernir entre as destruição necessária e a abusiva. Temos o exemplo das guerras, quando em nome da democracia, escravizam os países; em nome de Deus, combatemos as religiões; em nome da justiça, matamos um delinquente que deveria pagar sua pena com a realização de trabalhos, sem se constituir num peso para a sociedade, o que acontece nos sistemas atuais, no mundo inteiro. Esse tipo de destruição, longe de construir algo, gera ainda mais destruição.
A leitura atenta do capítulo mencionado, em O Livro dos Espíritos, nos dará diretrizes para uma vivência equilibrada, destruindo ou aceitando a natureza nos seus propósitos para a manutenção do equilíbrio do planeta e, consequentemente, das pessoas. O novo mundo já está se formando e espera muito a colaboração de todos nós.

O Livro dos Espíritos

Parte Terceira – Capítulo 6

Lei de destruição

Destruição necessária e destruição abusiva – Flagelos destruidores – Guerras – Assassinato – Crueldade – Duelo – Pena de morte

Destruição necessária e destruição abusiva

728 A destruição é uma lei natural?
– É preciso que tudo se destrua para renascer e se regenerar. O que chamais destruição é apenas transformação que tem por objetivo a renovação e o melhoramento dos seres vivos.
728 a O instinto de destruição teria sido dado aos seres vivos por desígnios providenciais?
– As criaturas são os instrumentos de que Deus se serve para atingir os seus objetivos. Para se alimentarem, os seres vivos se destroem entre si com um duplo objetivo: manter o equilíbrio na reprodução, que poderia tornar-se excessiva, e melhor utilização dos restos do corpo. Mas somente o corpo é destruído, porque é apenas o acessório, e não a parte essencial. O princípio inteligente é indestrutível e se elabora nas diferentes metamorfoses1 que sofre.
729 Se a destruição é necessária para a regeneração dos seres, por que a natureza os cerca com meios de preservação e de conservação?
– Para que a destruição não ocorra antes do tempo preciso. Toda destruição antecipada dificulta o desenvolvimento do princípio inteligente; é por isso que Deus deu a cada ser a necessidade de viver e de se reproduzir.
730 Uma vez que a morte deve nos conduzir a uma vida melhor, que nos livra dos males desta, e, por isso, mais deveria ser desejada do que temida, por que o homem tem um horror instintivo que o faz temê-la?
– Já dissemos, o homem deve procurar prolongar a vida para cumprir sua tarefa; eis por que Deus lhe deu o instinto de conservação, que o sustenta nas provas; sem isso, muitas vezes se deixaria levar pelo desencorajamento. A voz secreta que o faz temer a morte lhe diz que ainda pode fazer alguma coisa para seu adiantamento. Quando um perigo o ameaça, é uma advertência para que aproveite o tempo e a morada que Deus lhe concede. Mas, ingrato! Rende mais vezes graças à sua estrela do que ao seu Criador.
731 Por que, ao lado dos meios de conservação, a natureza colocou ao mesmo tempo os agentes destruidores?
– O remédio ao lado do mal, já dissemos, é para manter o equilíbrio e servir de contrapeso.
732 A necessidade de destruição é a mesma em todos os mundos?
– É proporcional ao estado mais ou menos material dos mundos e cessa quando os estados físico e moral estão mais depurados. Nos mundos mais avançados as condições de existência são completamente diferentes.
733 A necessidade da destruição existirá sempre entre os homens na Terra?
– A necessidade de destruição diminui e se reduz entre os homens à medida que o Espírito se sobrepõe à matéria; é por isso que se constata o horror à destruição crescer com o desenvolvimento intelectual e moral.
734 Em seu estado atual, o homem tem direito ilimitado de destruição sobre os animais?
– Esse direito é regido pela necessidade de prover a sua alimentação e segurança. O abuso nunca foi um direito.
735 O que pensar da destruição que ultrapassa os limites das necessidades e da segurança? Da caça, por exemplo, quando tem por objetivo apenas o prazer de destruir sem utilidade?
– Predominância dos maus instintos sobre a natureza espiritual. Toda destruição que ultrapassa os limites da necessidade é uma violação da lei de Deus. Os animais destroem apenas de acordo com suas necessidades; mas o homem, que tem o livre-arbítrio, destrói sem necessidade; ele deverá prestar contas do abuso da liberdade que lhe foi concedida, porque cede aos maus instintos.
736 Os povos que são muito escrupulosos com relação à destruição dos animais têm um mérito particular?
– É um excesso, mesmo sendo um sentimento louvável em si mesmo; se se torna abusivo, seu mérito é neutralizado pelos abusos de outras espécies. Há entre eles mais medo supersticioso do que a verdadeira bondade.

Flagelos destruidores

737 Com que objetivo os flagelos destruidores atingem a humanidade?
– Para fazê-la progredir mais depressa. Não dissemos que a destruição é necessária para a regeneração moral dos Espíritos, que adquirem em cada nova existência um novo grau de perfeição? É preciso ver o objetivo para apreciar os resultados dele. Vós os julgais somente do ponto de vista pessoal e os chamais de flagelos por causa do prejuízo que ocasionam; mas esses aborrecimentos são, na maior parte das vezes, necessários para fazer chegar mais rapidamente a uma ordem de coisas melhores e realizar em alguns anos o que exigiria séculos. (Veja a questão 744.)
738 A Providência não poderia empregar para o aperfeiçoamento da humanidade outros meios que não os flagelos destruidores?
– Sim, pode, e os emprega todos os dias, uma vez que deu a cada um os meios de progredir pelo conhecimento do bem e do mal. É o homem que não tira proveito disso; é preciso castigá-lo em seu orgulho e fazer-lhe sentir sua fraqueza.
738 a Mas nesses flagelos o homem de bem morre como o perverso; isso é justo?
– Durante a vida, o homem sujeita tudo ao seu corpo; mas, após a morte, pensa de outro modo e, como já dissemos, a vida do corpo é pouca coisa; um século de vosso mundo é um relâmpago na eternidade. Portanto, os sofrimentos que sentis por alguns meses ou alguns dias não são nada, são um ensinamento para vós e servirão no futuro. Os Espíritos, que preexistem e sobrevivem a tudo, compõem o mundo real. (Veja a questão 85.) Esses são filhos de Deus e objeto de toda a sua solicitude; os corpos são apenas trajes sob os quais aparecem no mundo. Nas grandes calamidades que destroem os homens, é como se um exército tivesse durante a guerra seus trajes estragados ou perdidos. O general tem mais cuidado com seus soldados do que com as roupas que usam.
738 b Mas nem por isso as vítimas desses flagelos são menos vítimas?
– Se considerásseis a vida como ela é, e quanto é insignificante em relação ao infinito, menos importância lhe daríeis. Essas vítimas encontrarão numa outra existência uma grande compensação para seus sofrimentos se souberem suportá-los sem se lamentar.
Quer a morte chegue por um flagelo ou por uma outra causa, não se pode escapar quando a hora é chegada; a única diferença é que, nos flagelos, parte um maior número ao mesmo tempo.
Se pudéssemos nos elevar pelo pensamento, descortinando toda a humanidade de modo a abrangê-la inteiramente, esses flagelos tão terríveis não pareceriam mais do que tempestades passageiras no destino do mundo.
739 Os flagelos destruidores têm alguma utilidade do ponto de vista físico, apesar dos males que ocasionam?
– Sim, eles mudam, muitas vezes, as condições de uma região; mas o bem que resulta disso somente é percebido pelas gerações futuras.
740 Os flagelos não seriam para o homem também provas morais que os submetem às mais duras necessidades?
– Os flagelos são provas que proporcionam ao homem a ocasião de exercitar sua inteligência, mostrar sua paciência e sua resignação à vontade da Providência, e até mesmo multiplicam neles os sentimentos de abnegação, de desinteresse e de amor ao próximo, se não é dominado pelo egoísmo.
741 É dado ao homem evitar os flagelos que o atormentam?
– Sim, em parte, embora não como se pensa geralmente. Muitos dos flagelos são a conseqüência de sua imprevidência; à medida que adquire conhecimentos e experiência, pode preveni-los se souber procurar suas causas. Porém, entre os males que afligem a humanidade, há os de caráter geral, que estão nos decretos da Providência, e dos quais cada indivíduo sente mais ou menos a repercussão. Sobre esses males, o homem pode apenas se resignar à vontade de Deus; e ainda esses males são, muitas vezes, agravados pela sua negligência.
Entre os flagelos destruidores, naturais e independentes do homem, é preciso colocar na primeira linha a peste, a fome, as inundações, as intempéries fatais à produção da terra. Mas o homem encontrou na ciência, nos trabalhos de arte, no aperfeiçoamento da agricultura, na rotatividade das culturas e nas irrigações, no estudo das condições higiênicas, os meios de neutralizar ou de pelo menos atenuar os desastres. Algumas regiões, antigamente assoladas por terríveis flagelos, não estão preservadas hoje? Que não fará, portanto, o homem pelo seu bem-estar material quando souber aproveitar todos os recursos de sua inteligência e quando, aos cuidados de sua conservação pessoal, souber aliar o sentimento da verdadeira caridade por seus semelhantes? (Veja a questão 707.)

Guerras

742 Qual é a causa que leva o homem à guerra?
– Predominância da natureza selvagem sobre a espiritual e satisfação das paixões. No estado de barbárie, os povos conhecem apenas o direito do mais forte; é por isso que a guerra é para eles um estado normal. Contudo, à medida que o homem progride, ela se torna menos freqüente, porque evita as suas causas, e quando é inevitável sabe aliar à sua ação o sentimento de humanidade.
743 A guerra desaparecerá um dia da face da Terra?
– Sim, quando os homens compreenderem a justiça e praticarem a lei de Deus; então, todos os povos serão irmãos.
744 Qual o objetivo da Providência ao tornar a guerra necessária?
– A liberdade e o progresso.
744 a Se a guerra deve ter como efeito conduzir à liberdade, como se explica que tenha, muitas vezes, por objetivo e resultado a escravidão?
– Escravidão temporária para abater os povos, a fim de fazê-los progredir mais rápido.
745 O que pensar daquele que provoca a guerra em seu proveito?
– Esse é o verdadeiro culpado e precisará de muitas reencarnações para expiar todas as mortes que causou, porque responderá por todo homem cuja morte tenha causado para satisfazer à sua ambição.

Assassinato

746 O assassinato é um crime aos olhos de Deus?
– Sim, um grande crime; porque aquele que tira a vida de seu semelhante corta uma vida de expiação ou de missão, e aí está o mal.
747 O assassinato tem sempre o mesmo grau de culpabilidade?
– Já o dissemos: Deus é justo, julga mais a intenção do que o fato.
748 Perante Deus há justificativa no assassinato em caso de legítima defesa?
– Somente a necessidade pode desculpá-lo. Mas se o agredido pode preservar sua vida sem atentar contra a do agressor, deve fazê-lo.
749 O homem é culpado pelos assassinatos que comete durante a guerra?
– Não, quando constrangido pela força, embora seja culpado pelas crueldades que comete. O sentimento de humanidade com que se portou será levado em conta.
750 Qual é mais culpado diante da lei de Deus, aquele que mata um pai ou aquele que mata uma criança?
– Ambos o são igualmente, porque todo crime é crime.
751 Como se explica que alguns povos, já avançados do ponto de vista intelectual, matem crianças e isso seja dos costumes e consagrado pela legislação?
– O desenvolvimento intelectual não pressupõe a necessidade do bem; um Espírito Superior em inteligência pode ser mau. É aquele que viveu muito sem se melhorar: apenas sabe.

Crueldade

752 Pode-se ligar o sentimento de crueldade ao instinto de destruição?
– É o instinto de destruição no que há de pior. Se a destruição é, às vezes, uma necessidade, a crueldade nunca é; é sempre o resultado de uma natureza má.
753 Como se explica que a crueldade seja a característica predominante dos povos primitivos?
– Entre os povos primitivos, como os chamais, a matéria prepondera sobre o Espírito; eles se abandonam aos instintos bárbaros e, como não têm outras necessidades além da vida corporal, pensam somente em sua conservação pessoal, e é isso que os torna geralmente cruéis. Além do mais, os povos cujo desenvolvimento é imperfeito estão sob o domínio de Espíritos igualmente imperfeitos que lhes são simpáticos, até que povos mais avançados venham destruir ou enfraquecer essa influência.
754 A crueldade não vem da ausência do senso moral?
– Diremos melhor, que o senso moral não está desenvolvido, mas não que esteja ausente, porque ele existe, como princípio, em todos os homens; é esse senso moral que os faz mais tarde serem bons e humanos. Ele existe, portanto, no selvagem, mas está como o princípio do perfume está no germe da flor antes de desabrochar.
Todas as faculdades existem no homem em condição rudimentar ou latente. Elas se desenvolvem conforme as circunstâncias lhes são mais ou menos favoráveis. O desenvolvimento excessivo de uma faz cessar ou neutraliza o das outras. A superexcitação dos instintos materiais sufoca, por assim dizer, o senso moral, como o desenvolvimento do senso moral enfraquece, pouco a pouco, as faculdades puramente selvagens.
755 Como se explica existirem, no seio da civilização mais avançada, seres algumas vezes tão cruéis quanto os selvagens?
– Exatamente como numa árvore carregada de bons frutos há os que ainda não amadureceram, não atingiram o pleno desenvolvimento. São, se o quiserdes, selvagens que têm da civilização apenas o hábito, lobos extraviados no meio de ovelhas. Espíritos de ordem inferior e muito atrasados podem encarnar em meio a homens avançados na esperança de avançarem; mas, sendo a prova muito pesada, a natureza primitiva os domina.
756 A sociedade dos homens de bem estará um dia livre dos malfeitores?
– A humanidade progride; esses homens dominados pelo instinto do mal que se acham deslocados entre as pessoas de bem desaparecerão pouco a pouco, como o mau grão é separado do bom depois de selecionado. Então renascerão sob um outro corpo e, como terão mais experiência, compreenderão melhor o bem e o mal. Tendes um exemplo disso nas plantas e nos animais que o homem conseguiu aperfeiçoar e nos quais desenvolveu qualidades novas. Pois bem! É somente depois de muitas gerações que o aperfeiçoamento se torna completo. É a imagem das diferentes existências do homem.

Duelo

757 O duelo pode ser considerado como legítima defesa?
– Não; é um assassinato e um costume absurdo, digno de bárbaros. Com uma civilização mais adiantada e moralizada, o homem compreenderá que o duelo é tão ridículo quanto os combates que se consideraram antigamente como o juízo de Deus.
758 O duelo pode ser considerado como um assassinato por parte daquele que, conhecendo sua própria fraqueza, está quase certo de que vai morrer?
– É um suicida.
758 a E quando as probabilidades são iguais, é um assassinato ou um suicídio?
– Ambos.
Em todos os casos, mesmo naqueles em que as probabilidades são iguais, o duelista é culpado, primeiramente, porque ele atenta friamente e de propósito deliberado contra a vida de seu semelhante, e depois porque expõe sua própria vida inutilmente e sem proveito para ninguém.
759 Qual é o valor do que se chama ponto de honra em matéria de duelo?
– Orgulho e vaidade: duas chagas da humanidade.
759 a Mas não há casos em que a honra se encontra verdadeiramente ofendida e um recuo seria covardia?
– Isso depende dos costumes e dos usos; cada país e cada século tem sobre isso uma visão diferente; quando os homens forem melhores e mais adiantados em moral compreenderão que o verdadeiro ponto de honra está acima das paixões terrenas e não é nem matando nem deixando-se matar que se repara um erro.
Há mais grandeza e verdadeira honra em se confessar culpado, quando errou, ou em perdoar, quando se tem razão e, em todos os casos, em desprezar os insultos, que não o podem atingir.

Pena de morte

760 A pena de morte desaparecerá um dia da legislação humana?
– A pena de morte desaparecerá incontestavelmente e sua supressão marcará um progresso na humanidade. Quando os homens estiverem mais esclarecidos, a pena de morte será completamente abolida da Terra, os homens não terão mais necessidade de serem julgados pelos homens. Falo de um tempo que ainda está muito distante de vós.
O progresso social deixa, sem dúvida, ainda muito a desejar, mas seria injusto com a sociedade atual se não se reconhecesse um progresso nas restrições feitas à pena de morte entre os povos mais avançados e quanto à natureza dos crimes aos quais se limita a sua aplicação. Se compararmos as garantias com que a justiça, entre esses mesmos povos, se empenha para cercar o acusado e a forma humanitária com que o trata, ainda mesmo que seja reconhecidamente culpado, com o que se praticava nos tempos que ainda não estão muito distantes, não se pode negar o avanço no caminho progressivo em que marcha a humanidade.
761 A lei de conservação assegura ao homem o direito de preservar sua própria vida; não usa desse direito quando elimina da sociedade um membro perigoso?
– Há outros meios de se preservar do perigo sem precisar matar. É necessário, aliás, abrir ao criminoso a porta do arrependimento, e não fechá-la.
762 Se a pena de morte pode ser banida das sociedades civilizadas, não foi uma necessidade nas épocas menos avançadas?
– Necessidade não é bem a palavra. O homem acha sempre uma coisa necessária quando não encontra justificativa melhor; mas, à medida que se esclarece, compreende mais acertadamente o que é justo ou injusto e repudia os excessos cometidos nos tempos de ignorância, em nome da justiça.
763 A restrição dos casos em que se aplica a pena de morte é um indício de progresso na civilização?
– Podeis duvidar disso? Vosso Espírito não se revolta ao ler a narrativa das carnificinas humanas de antigamente em nome da justiça e em honra da Divindade? Das torturas que sofria o condenado, e mesmo um simples suspeito, para lhe arrancar, pelo excesso dos sofrimentos, a confissão de um crime que muitas vezes não cometeu? Pois bem! Se tivésseis vivido naquele tempo, teríeis achado isso muito natural e talvez, se juízes fôsseis, teríeis feito o mesmo. É assim que o justo de uma época parece bárbaro em outra. As leis divinas são as únicas eternas; as leis humanas mudam com o progresso e ainda mudarão até que sejam colocadas em harmonia com as leis divinas.
764 Jesus ensinou: "Quem matou pela espada morrerá pela espada". Essas palavras não são a consagração da pena de talião2 e a morte aplicada ao homicida não é a aplicação dessa pena?
– Tomai cuidado! Tendes vos enganado sobre essas palavras como sobre muitas outras. A pena de talião é a justiça de Deus; é Ele que a aplica. Todos vós sofreis a cada instante essa penalidade, porque sois punidos pelos erros que cometeis, nessa vida ou em outra; aquele que fez sofrer seus semelhantes estará numa posição em que ele mesmo sofrerá o que tiver causado. Esse é o sentido dessas palavras de Jesus, que também disse: "Perdoai aos vossos inimigos", e ensinou a pedir a Deus para perdoar vossas ofensas como vós mesmos tiverdes perdoado,ou seja, na mesma proporção em que perdoardes. Deveis compreender bem isso.
765 O que pensar da pena de morte aplicada em nome de Deus?
– É tomar o lugar de Deus na justiça. Os que agem assim estão longe de compreender Deus e ainda têm muito a expiar. A pena de morte é também um crime quando aplicada em nome de Deus, e os que a ordenam são responsáveis por assassinato.



  1. Metamorfose: mudança ou troca de forma. Transformação, modificação, alteração (N. E.).
  2. Pena de talião: punição imposta na Antiguidade, pela qual se vingava o delito infligindo ao delinqüente o mesmo dano ou mal que ele praticara (N. E.).

 
 
O amor que remove montanhas,
o amor que inspira a todos a desejarem um mundo melhor,
o ser humano que ama a todos como a si mesmo,
e que deseja apenas ser  . . . ser luz  e finalmente
 encontrar  o Reino de Deus
em seu coração !!!
 
Irene Ibelli 
Empreendedora Digital, Humanista e Espiritualista
Eleita Cidadã Planetária Pelo Projeto
Vôo da Águia

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